Pode-se dizer sob diversos aspectos,
que Primeira Guerra mundial marcou a História e Geografia mundial.
Nunca antes houveram tantas pessoas envolvidas numa guerra, as
divisões geográficas dos paises envolvidos e suas colônias
sofreram diversas mudanças. Foi um conflito com a participação das
grandes potencias políticas da época, utilizando a capacidade
produtiva de suas indústrias em grande escala marcando entre outras
coisas, o fim de um período de estabilidade política chamado de
Belle Époque.
Para buscar as origens da Primeira
Guerra Mundial, voltamos a segunda metade do século XIX. Era uma
época em que a produção industrial era maior do que se podia
consumir, havia então uma busca por novos mercados consumidores o
que explica uma nova expansão territorial e rivalidade econômica e
política dos países industrializados. Era notório o domínio
geográfico de países como a Inglaterra (que possuía o
correspondente a 20% de terra firme do mundo em 1909), França e
Bélgica, que possuíam diversas colônias na Ásia, África e
Oceania. Alemanha e Itália por causa de suas unificações políticas
tardias, entraram por ultimo nesse processo. Em 1914 (ano de início
da guerra), 60% das terras e 65% da população mundial dependiam da
Europa para se manter. Nessa época, nota-se uma europeização
cultural dos territórios ocupados.
A Alemanha criou diversos conflitos
com países vizinhos que exerciam influencia em regiões estratégicas
na África, pois os alemães se sentiam frustrados pelo país ter
menos possessões que Inglaterra e França. Então o imperador
Guilherme II organizou uma grande marinha, colocando em prática sua
política agressiva para controlar militarmente suas colônias. Porém
essas políticas não foram vistam com bons olhos pela Inglaterra,
que viu ameaçada sua supremacia naval. Paralelamente à expansão
colonial africana e asiática, a Alemanha buscava áreas de
influência econômica no mediterrâneo e Império Otomano. Com a
construção da estrada de ferro, Berlin-Bagdá (que passava por
Constantinopla), os interesses alemães se chocaram com os interesses
econômicos russos e ingleses para a região. Nas metas bélicas
elaboradas pela Alemanha, contava um grande império bélico na
Europa central e leste europeu, incluindo o controle dos povos
eslavos, o que poderia servir para a realização de um sonho
nacionalista alemão, o pan-germanismo, que visava a unificação do
povo alemão e a submissão de regiões habitadas por várias etnias.
Juntamente com os conflitos imperialistas, o nacionalismo foi à
tônica da primeira guerra mundial.
Inicialmente o pan-germanismo era um
movimento que visava unificar a Alemanha, juntando a população pela
questão lingüística, segundo Humboldt, “a verdadeira pátria é
a língua”, algo que era difícil numa Europa em que quase nunca as
fronteiras geográficas coincidiam com as fronteiras lingüísticas.
Com o chanceler Otto Von Bismarck na liderança prussiana e diversas
políticas militares, a unificação alemã foi concretizada após a
guerra franco-prussiana, tendo Guilherme I como imperador. Após a
unificação, Bismarck criou um sistema de alianças, visando
proteger o império alemão em expansão e garantindo a paz na
Europa. Esse sistema de alianças visava principalmente excluir a
possibilidade e uma aliança francesa com a Rússia para tentar
readquirir territórios perdidos na guerra franco-prussiana, assim
Bismarck criou alianças com todos os países, excluindo a própria
França.
Entre os movimentos nacionalistas na
Europa, além do pan-germanismo, podemos citar o pan-eslavismo(que
visava a unificação dos povos de língua eslava e se chocava com o
pan-germanismo pois muitos habitantes do império austro-húngaro
tinham essa característica), pan-islamismo(que visava a unificação
dos povos que pertenciam ao islamismo)e a Grande-Sérvia(que tinha
como objetivo tornar a Sérvia em um país geograficamente maior).
Com a morte de Guilherme I, em 1888,
seu neto Guilherme II sobe ao poder e inicia uma série de políticas
que contrariavam o governo anterior com análises diplomáticas
imprudentes e impulsivas. Em 1890 Guilherme II demite Bismarck, o que
significou o fim dos esforços diplomáticos para manter o equilíbrio
europeu, desmoronando assim o sistema de alianças. Porém o novo
imperador, criou uma nova aliança, agora com a Itália e Império
Austro-Húngaro, chamado de Tríplice Aliança, se opondo á Tríplice
Entende que era formada por Grã Bretanha, França e Rússia. Em
1898, Guilherme II fez um visita ao Oriente Médio (área estratégica
para os interesses imperialistas e nacionalistas), num discurso
contrário ao pan-islamismo, consegue concessão para construir a
estrada de ferro Berlin-Bagdá(como foi dito anteriormente), que lhe
daria controle sobre esses mercados, até então controlados por
franceses, ingleses e russos. Em 1905, aproveitando a guerra
russo-japonesa, a Alemanha se apodera dos Marrocos, percebendo que a
França não contaria com o auxilio russo (nessa época já vigorava
a aliança entre França e Rússia e os franceses queriam dominar os
Marrocos pela importância geográfica da região tanto para seu
comercio quanto para defesa de outras regiões que possuíam na
África). O conflito cessou apenas com a conferência de Algeciras na
Espanha em 1906, que confirmou a supremacia francesa na região e
concedeu terras á Alemanha no sudoeste da África.
Em 1908, o Império Austro-Húngaro,
anexou a Bósnia e a Herzegovina (territórios de população
eslava), contrariando os interesses sérvios e russos, criando um
ambiente de conflito na região dos Bálcãs eclodindo guerras em
1912 e 1913. Em 1914, ocorreu o assassinato do herdeiro do império
Austro-Húngaro, o Arquiduque Francisco Ferdinando em Sarajevo
(capital da Bósnia e Herzegovina) por Gavrilo Princip, um estudante
sérvio era ligado à organização pan-eslavista conhecida como Mão
Negra. O arquiduque tinha planos de transformar a “Monarquia Dual”
em “Monarquia Trial”, contrariando dos planos militantes do
movimento nacionalista Grande-Sérvia e do pan-eslavismo.